Allan Douglas Pietri – Genealogista, Pesquisador e Associado APHV/ Paolo Miotto, historiador de San Martino di Lupari
Introdução
Ao relembrar as manifestações artísticas e socioculturais da cidade de Valinhos e da região metropolitana de Campinas, no estado de São Paulo, Brasil, um nome bastante citado é o do fotógrafo Haroldo Pazinatto. É um personagem que dedicou mais de 60 anos da sua vida a captar com a sua camera os acontecimentos mais importantes mas também o mais quotidiano da cidade, compondo, plano após plano, um mosaico de sugestões que recolhe a história autêntica através de imagens do nosso território . Muito já foi dito e escrito sobre este personagem, portanto este perfil biográfico não pretende ser completo, mas pretende reunir novos elementos derivados de pesquisas genealógicas relativas à sua família, originária do comune de San Martino di Lupari, na província de Pádua.
Biografia
Haroldo Angelo Pazinatto nasceu em 26 de março de 1925 em Valinhos, filho do casal João Pazinatto e Letícia Ungaretti, mais velho de 8 filhos. Seu pai era carpinteiro, ajudando na construção da principal igreja da cidade. Seu amor pela fotografia começou como um hobby quando ele tinha 17 anos e seu tio lhe emprestou uma câmera. A partir desse momento Haroldo não parou mais de fotografar com seu amigo V8, Aristides da Silva, com quem compartilhou sua paixão demonstrando um verdadeiro talento artístico.
Chamado a eternizar casamentos, cerimônias públicas e privadas em sua cidade, em poucos anos Haroldo tornou-se o fotógrafo de referência para uma área geográfica muito mais ampla.
Em 24 de setembro de 1950 casou-se com Jandira Cedran e dessa união nasceram três filhos. Entre 1945 e 1962 Haroldo trabalhou na ‘Cia Gessy Industrial’, conceituada empresa brasileira de renome nacional dedicada a produtos de higiene, fundada quase meio século antes pelo tio-avô o vicentino Giuseppe Milani, outro empreendedor do Vêneto. O trabalho costudo não lhe tirou o tempo que dedicava à câmera. e a experiência e a paixão que usa nas fotos nunca o abandonaram e em 1962 decide deixar o emprego para se dedicar à profissão de fotógrafo.
Após deixar a Gessy, fundou o estúdio fotográfico ‘Foto Tic’ com Mário Juliato, passando a trabalhar como repórter nos jornais da cidade: Correio Popular, Jornal Terceira Visão, Folha de Valinhos e Gazeta Esportiva. Conquistando assim um perfil profissional de todo respeito que o leva a tornar-se também o fotógrafo oficial da cidade. Em sua longa e vitoriosa carreira produziu centenas de milhares de imagens, que hoje compõem o “Acervo Haroldo Pazinatto”, que possui mais de 50.000 mil imagens, patrimônio cultural da cidade, mantido por seu neto Marcel Pazinatto .
Haroldo faleceu em 27 de dezembro de 2001 e em homenagem à sua memória o museu da cidade passou a se chamar “Museu Municipal Fotógrafo Haroldo Angelo Pazinatto”.
Primeiros anos no Brasil
Angelo Pasinato e Rosa Milani casaram-se em Campinas no dia 27 de agosto de 1892 e da união nasceram pelo menos 9 filhos: Anna, João, Maria, Alberto, Luciano, Antônio, José e Narciso. Em Valinhos, desde o início dos anos 1900, Angelo Pazinatto criou um armazem, os chamados “Secos e Molhados”, que era uma espécie de mercearia onde se vendia de tudo um pouco. Angelo morreu jovem e Haroldo nunca conheceu seu avô italiano.
Origens Luparenses
O sobrenome Pasinato é bastante antigo em S. Martino di Lupari, considerando que aparece desde a segunda metade do século XVI, embora os vários ramos documentados não estejam todos relacionados entre si. O personagem mais famoso foi certamente o frade capuchinho e cientista Giambattista Pasinato (1739-1800). A família da qual Haroldo descende é a mesma do cientista, ainda que o ancestral comum tenha vivido no século XVII. Reconstruindo os ramos no tempo, descobrimos que o avô Angelo Amedeo nasceu em 2 de abril de 1870 em San Martino di Lupari, filho do padeiro (prestinaio) Giovanni Maria Pasinato (n. 09/11/1823-m. 10/04/1885 ) conhecido como Carturo e de Marianna Antonello (n. 03/06/1837-m. 23/11/1890), casados em S. Martino di Lupari em 14 de julho de 1860. Após o casamento, o casal mudou-se para o distrito de Antonelli no número 48, posteriormente renumerado a 254, em direção à fração de Monastero. Giovanni Maria nasceu do sapateiro Giacomo (n. 26/07/1785-m. 20/07/1836) e de Domenica Pan (n. 23/02/1786). Tratava-se de uma família camponesa que trabalhava em um pequeno terreno alugado pelo conde Sebastiano Novello de Castelfranco, acima do qual também havia a modesta casa do número 95 do bairro Supervilla, que corresponde à atual Via Roma. A família de Giacomo também se chamava Carturo, o mesmo apelido “menda” do cappuccino. Voltando ainda mais no tempo, os documentos mostram que Giacomo era filho do campones Giovanni Maria (03/10/1754) e Paola Casonato. Giovanni Maria por sua vez teve como pais Domenico (24/09/1725) e Maria Antonello. Finalmente, os pais de Domenico são Mattio e Domenica. Os ancestrais de Haroldo eram, portanto, trabalhadores da terra e ao mesmo tempo artesãos dedicados à produção de pães e calçados. Mesmo as famílias de origem das esposas tinham o mesmo padrão de vida e exerciam as mesmas profissões.
Angelo Amedeo teve apenas Antonio Andrea (n. 16/07/1863) como irmão. Jamais saberemos o que determinou a decisão do segundo filho de partir, deixando o mais velho em San Martino. No entanto, era bastante frequente na época dividir a família na esperança de garantir maiores perspectivas econômicas para os filhos. Certamente o pai Giovanni Maria deve ter contribuído para a decisão, tanto que permaneceu no comune com o filho mais velho, enquanto o segundo filho, saindo, deu origem ao ramo brasileiro da família.
Conclusão
Espero com esta pesquisa ter trazido à tona mais informações sobre este ilustre personagem da história valinhense, que foi Haroldo Pazinatto, e com ele também sobre seus antepassados luparenses.
Agradeço a família do Haroldo pelas informações e fotos enviadas e ao prof. Paolo Miotto, historiador de San Martino di Lupari, por ter respondido às minhas perguntas e ter aprofundado o ramo genealógico de Haroldo. Concluo com uma citação do nosso concidadão: “Sempre agi com a necessária responsabilidade mas também com a intuição de um artista”. Haroldo Ângelo Pazinatto (1925-2001).
Artigo originalmente publicado em italiano no site: https://storiadentrolamemoria.wordpress.com/2023/02/06/il-figlio-sanmartinaro-ritrovato-il-fotografo-brasiliano-haroldo-angelo-pazinatto-1925-2001/