CLUBE ATLÉTICO VALINHENSE – 97 ANOS DE EXISTÊNCIA: 20.09.1925 / 20.09.2022

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Time de Futebol do E.C.V. .Valinhos, SP, 1926. Da esquerda à direita, em pé: Sai Sangue, Monté, Roberto Scatena, Urubu, Antonio Lazaretti, Presidente Amilcare Caputo e o Diretor de Esportes Ozório F. Camargo. Agachados: Zico, Chine, Giraldello, Ciceto Lorençato, Pagode, Nato Borin e Bi Scatena. Acervo Clube Atlético Valinhense.
Time de Futebol do E.C.V. .Valinhos, SP, 1926. Da esquerda à direita, em pé: Sai Sangue, Monté, Roberto Scatena, Urubu, Antonio Lazaretti, Presidente Amilcare Caputo e o Diretor de Esportes Ozório F. Camargo. Agachados: Zico, Chine, Giraldello, Ciceto Lorençato, Pagode, Nato Borin e Bi Scatena. Acervo Clube Atlético Valinhense.

Benedito Domingos Ostanelli – Escritor, Professor, Palestrante, Administrador de Empresas, Advogado e Cidadão Honorário de Valinhos.

 Quando cheguei em Valinhos, com apenas 8 (oito) anos de idade, o Clube Atlético Valinhense já existia há 31 anos. Já era grande, vitorioso e famoso. E como a maioria dos meninos do bairro, onde eu morava, vivia correndo atrás da bola, muito embora, ter uma bola naquela época, era para poucos. Mas sempre tinha amigos com condições melhores na vida que conseguiam ganhar de presente de seus pais, e isso bastava para a alegria de todos do lugar.

Desde essa época, e, até a minha adolescência, eu acompanhava, o time de futebol do Lenheiro F.C., que disputava com os times de outros bairros da cidade, como Operário (Vila Santana), Capuava, Concordia, Ribeiro, Municipal (hoje Castelo), Carlos Gomes (Vera Cruz), Gessy Lever, nas disputas dos campeonatos da cidade. E havia dois times de destaques, representados pelo Rigesa E.C. (empresa de mesmo nome), e Clube Atlético Valinhense, ambos localizados no centro, e que, naquela época, simbolizavam a elite, a camada mais abastada financeiramente, a classe dos nobres, voltando-se um pouco às terminologias do feudalismo, da idade média.

Localizado no centro da cidade, onde hoje existe a Rodoviária, o Clube Atlético Valinhense, não era só um time de futebol, pois, diferente da maioria dos outros, já possuía um campo de futebol oficial, um campo de boccia, uma sala de carteados lícitos para seus sócios, durante muitos anos administrada pelo senhor Pedrinho, e um ótimo salão social, para a realização de grandes bailes e casamentos, além de uma bela coleção de troféus conquistados nos gramados e em outras modalidades esportivas, e inclusive nos desfiles carnavalescos da cidade, onde sempre teve participação de destaque com seus foliões.

No bairro do Lenheiro, onde eu morava, tinha um moço, de estatura média, bastante extrovertido, o saudoso Érnélio, que frequentava o Clube Valinhense e jogava em seu time. Para nós do lugar, ele era um privilegiado por isso, além do que ele sempre jogou naquele clube e não no time do Lenheiro.

Eu via tudo isso, de longe, pois para mim parecia impossível jogar ali, algo muito distante mesmo, embora nos campos de terra do bairro ou quando íamos jogar em outros gramados, até que eu tinha certa habilidade para tratar a bola, além de gostar de driblar e fazer gols. (a respeito tenho uma crônica escrita e ainda não publicada, que certamente irá surpreender muita gente, principalmente meus amigos boleiros).

E assim, por volta de 1960, já com 12 anos de idade, aproximadamente, certo dia recebi um convite para treinar no Valinhense, pois haveria uma peneira (seleção de novos atletas), conduzida pelo técnico sr. Amorim (também saudoso), conhecido respeitosamente como 12, pessoa que deixou um grande legado nos meios esportivos de nossa cidade. No entanto, deveria comparecer com chuteiras, meias e calção. E agora?  além de não ter chuteiras, sabia que nunca tinha colocado esse calçado em meus pés.  No fim, resolvido esse problema, aconteceu que, jogar de chuteiras foi como jogar com um calçado de salto alto, e assim, adeus habilidades no trato com a redonda. Que pena, pois logo fui dispensado educadamente pelo saudoso treinador, com um convite para voltar no ano seguinte. Porém, nunca voltei, até porque sempre precisei trabalhar o dia inteiro para estudar à noite.

Lembro que quando nos primórdios dos bancos escolares, quando a professora perguntava: o que você quer ser quando crescer?  Eu logo respondia todo garboso: jogador de futebol, e acrescentava: jogador de futebol profissional. Porém, isso nunca aconteceu, pois Deus tinha outros planos para mim.

Segui minha vida, e sempre que possível participava de jogos não oficiais, tendo jogado nos times do Lenheiro, Adelbrás, Castelo, além de campeonatos internos da Rigesa e da Bosch, onde tive o prazer de jogar ao lado de grandes craques de nossa cidade, que não cabe aqui citá-los para não cometer infinitas injustiças, e ainda já na fase final da carreira, jogar com alguns profissionais que um dia vestiram a sagrada camisa da seleção brasileira.

Sou muito grato por tudo isso, pois o futebol, me permitiu conquistar um imenso número de amigos, que fazem os meus dias ficarem sempre melhores.

Se fez necessário escrever tudo isso até chegarmos ao dia 07.06.2005, quando através do convite do amigo Atair, e tendo como padrinho o querido professor Maurício, fiquei sócio do Clube Atlético Valinhense, o mesmo clube que um dia parecia tão distante para aquele garoto que sonhava com esse momento, e que, agora estava ao seu alcance e realizando o seu sonho. Glória a Deus!

Há vários anos, essa grande entidade sócio esportiva havia transferido sua sede própria para outro local, ainda no centro da cidade, em um novo espaço, numa área muito maior, mais de acordo com sua grandeza, a ponto de hoje ser chamado: “glorioso Clube Atlético Valinhense”, de tantas conquistas e tradições.

Assim, durante todo esse tempo, o clube cresceu, desenvolveu-se e projetou-se ainda mais nos meios esportivos e sociais da região.  Assim, chegou aos seus 97 anos de existência, com uma infraestrutura invejável, espaços bem definidos para diversas modalidades esportivas, possuindo um ótimo campo oficial para a prática do futebol, dois mini campos para o futebol society, cinco quadras de tênis, duas quadras poliesportivas,  cobertas e uma descoberta, três quadras para “beach tennis”, futevôlei, e voley de areia, dois campo de boccia, vários quiosques para uso dos sócios e suas famílias, pista de caminhada, excelente parque aquático, inclusive com piscina aquecida, academias de ginástica, sala de jogos, sala reuniões e de troféus, sala para “baby carefull”, cursos para associados e familiares, amplo salão social, serviços de lanchonete, bar e restaurante, grande área interna para estacionamento de veículos dos associados, entre outros.

Dessa forma, posso afirmar que o Clube Atlético Valinhense chega garbosamente aos seus 97 anos, com a certeza de ocupar um lugar de destaque, entre outros de nossa cidade, de nossa região e de nosso estado.

Na parte administrativa, o clube está muito bem organizado, realiza regularmente eleições democráticas e transparentes, possuindo uma Diretoria Executiva e um Conselho Deliberativo atuantes, e todos já trabalhando no planejamento para as comemorações dos seus 100 anos de existência.

Todo esse sucesso é fruto do trabalho e dedicação de sua diretoria atual e de seus antecessores, que nunca mediram esforços em prol do Clube, além da contribuição dos seus funcionários atuais e ex-funcionários, assim como do voluntariado de muitos associados, ou seja, um ótimo local para se fazer novos amigos.

Portanto, o querido Clube Atlético Valinhense, chegará ao seu centenário demonstrando saúde, organização e vitalidade para enfrentar os desafios dos outros próximos 100 anos, com a mesma filosofia de envolvimento e participação de seus associados e familiares, mantendo sempre a mesma grandeza no ranking dos clubes esportivos e sociais. Parabéns Clube Atlético Valinhense.

Benedito Ostanelli @2023
Benedito Ostanelli @2023

 

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